Gilberto Melo

Escola brasileira e tema da educação financeira para o dia a dia dos seus alunos

Conhecimentos sobre como utilizar e poupar dinheiro estão cada vez mais presentes nas atividades das escolas brasileiras. O Projeto Educação Financeira na Escola, comandado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em parceria com o Ministério da Educação (MEC), é o primeiro que tem a intenção de ser um programa padrão e permanente, primeiramente,, aplicado em escolas públicas. Há alguns anos, outros agentes governamentais e privados vêm incentivando a inclusão de assuntos de finanças nas escolas brasileiras.

A especialista Cássia D’Aquino dá consultoria a escolas sobre educação financeira. Desde 1996, ela desenvolve um projeto, através da preparação de professores, baseado em quatro linhas gerais: como ganhar dinheiro, como gastá-lo, como poupá-lo e como todos temos responsabilidades perante a sociedade através da doação de tempo, talento e dinheiro. Esses conceitos são passados aos professores, através de aulas sobre o tema, e cada escola, orientada por Cássia e baseada na metodologia desenvolvida por ela, desenvolve a melhor forma de transmitir os ensinamentos aos alunos.

De acordo com a consultora, a avaliação dos professores e dos alunos é permanente. Outro ponto importante destacado por ela é que a educação financeira não deve ser função da escola, e sim da família. “O que é essencial e pode ser feito pelos professores é a formação de uma visão crítica da criança e do jovem quanto ao dinheiro”, destaca a especialista, que realiza a iniciativa com um público entre 2 e 17 anos.

O Banco Central (BC) tem um programa de educação financeira formado por diversas ações que visam orientar a sociedade. O propósito de todas elas é contribuir para que as pessoas entendam as relações que influenciam suas vidas na área da economia e das finanças. Estudantes do ensino fundamental, médio e superior estão entre esse público. Para aqueles que estão nas escolas, uma das atividades é o Museu vai até a escola. Através dela, alunos do Distrito Federal e do entorno recebem palestras e exposições relacionadas ao tema, que até então, poderiam ser conferidas apenas na sede do BC. Exemplos de assuntos abordados são como administração melhor o dinheiro, noções de orçamento doméstico e empresarial, conhecimentos básicos sobre juros, inflação, variação cambial, conceitos de operações bancárias.

O Money Camp é uma iniciativa particular, iniciada nos Estados Unidos em 2002, e aplicada no Brasil desde 2006. Educadores de escolas que aderem ao programa das áreas de economia, psicologia, pedagogia e matemática são acompanhados e coordenados pela diretoria do Money Camp no Brasil. Os conhecimentos são transmitidos através de aulas de educação financeira para turmas formada com 15 a 28 alunos em escolas de diversas localidades no país. Os conteúdos têm o objetivo de facilitar a programação do orçamento familiar, racionalizar gastos, otimizar investimentos e levar a reflexão sobre práticas de consumo mais conscientes.

Além de aulas e palestras, atividades lúdicas constituem outra forma de aprendizagem dos assuntos relacionados à finanças. O “Desafio Banrisul no colégio” é realizado pelo Banco do Estado do Rio Grande do Sul há dois anos em escolas de todo o estado. As três edições do projeto já estiveram em 159 instituições gaúchas. Os conhecimentos são passados através de um grande jogo de tabuleiro instalado durante os intervalos das aulas. A atividade é realizada em parceria com outras empresas, e tem o objetivo de estimular o desenvolvimento da responsabilidade financeira em crianças, adolescentes e jovens, através de uma brincadeira que simula momentos de uso do cartão bancário em várias situações do dia a dia.

Inspirado em joguinhos de tabuleiro, como os famosos “Jogo da Vida” e “Banco Imobiliário”, o desafio tem dois caminhos: um para crianças de 8 a 12 anos e outro para adolescentes de 13 a 18 anos. Os alunos ainda recebem uma quantia de dinheiro fictício e cartões de saque, que são utilizados durante o jogo. O Banrisul entende que com a divulgação dessa ação, também está aproximando-se desse público, fixando sua marca e apresentando os produtos e serviços feitos especialmente para essa galera. O projeto está atingiu diretamente 100 mil alunos, e a edição de 2010 já está em andamento.

Outras entidades também enxergam as iniciativas nas escolas como oportunidade de trazer novos participantes para os seus respectivos mercados de atuação. E para atingir um publico cada vez maior, elas estão passando de presencial para o ambiente online. Uma das ações de educação da BM&FBovespa, que tem um trabalho amplo neste sentido, também é realizado com escolas, que é o Desafio BM&FBovespa. Através do envolvimento de escolas, que se inscrevem gratuitamente, as turmas assistem palestras sobre o mercado de capitais e fazem simulações sobre a formação e a operação com carteiras de ações.

Autor (a): Grazieli Inticher Binkowski, jornalista
Fonte: www.revistarazaocontabil.com.br