Gilberto Melo

Dinheiro do FGTS rende menos do que a inflação

Recurso é usado para financiar moradia e projetos de saneamento
 
Enquanto o governo mede forças com o setor empresarial pela manutenção ou não da multa adicional de 10% para demissões sem justa causa, o trabalhador vê o dinheiro aplicado no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) perder para todas as aplicações do mercado e ter rendimento menor até do que o da inflação.
 
Por lei, o FGTS é corrigido em 3% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que neste ano, até agora, está em 0,03%. No mesmo período, a inflação já é de 3,43% e a expectativa dos analistas de mercados ouvidos pelo Banco Central é que a taxa feche o ano em 5,82%. “O rendimento é mais baixo do que qualquer coisa que você imagine”, diz o professor de economia e finanças da FGV/IBS, Pedro Leão Bispo.
 
Ele explica que isso acontece porque o FGTS é uma aplicação compulsória, que não concorre com nenhuma outra, porque o trabalhador não tem opção de escolher um investimento melhor.
 
O coordenador do curso de economia da Newton Paiva, Leonardo Bastos, diz que a única alternativa para conseguir um rendimento melhor para o capital do FGTS é comprar ou reformar um imóvel dentro das regras de utilização do recurso. “É a única possibilidade: comprar um imóvel que vai garantir uma rentabilidade maior. Mesmo se a pessoa tiver dinheiro para fazer a compra, vale a pena usar o FGTS e aplicar seu capital em um investimento melhor”, diz. Ele acrescenta que é preciso procurar um negócio “de oportunidade”, para evitar prejuízos com eventual queda no valor dos imóveis.
 
Financiamentos. De janeiro a maio a captação líquida do FGTS foi de R$ 8,1 bilhões. O balanço de 2012 mostra que os ativos do FGTS somam R$ 325,3 bilhões, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Esse dinheiro é usado para financiar moradia e projetos de saneamento. 
Fundos ainda são boas opções
Mesmo com a bolsa em baixa – somente neste ano o Ibovespa, principal indicador já perdeu 11,44% – manter o dinheiro aplicado nos Fundos Petrobras e Vale criados 2000 e 2002, ainda é um bom negócio. “No acumulado, eles são uma boa opção”, diz o gestor da Picchioni, Paulo Amantéa.
O Fundo Vale rendeu, desde a sua criação, 714,77%, cerca de dez vezes mais do que o dinheiro aplicado no FGTS no mesmo período. Ou seja, quem investiu R$ 1.000 no fundo tem, hoje, R$ 8.147,70. O mesmo capital no FGTS, hoje vale R$ 1.714,90. 
 
Autor (a): Ana Paula Pedrosa