Gilberto Melo

Primeira calculadora eletrônica completa 40 anos

Jack Kilby (1923-2005), ganhador do Nobel de Física de 2000, inventou o circuito integrado em 1958 juntamente com Bob Noyce (1927-1990), um dos fundadores da Intel. Em 1967, 20 anos depois da criação do transistor, Kilby quis demonstrar o potencial de miniaturização dos circuitos integrados e construiu uma calculadora eletrônica portátil – o primeiro modelo de mesa, Anita Mk VIII, foi lançado em 1962.

Quando Kilby e Noyce desenvolveram o circuito integrado, em 1958, cada um trabalhava em uma empresa – Kilby era funcionário da Texas Instruments enquanto Noyce estava na Fairchild Semiconductor – e o projeto foi desenvolvido em paralelo. Independente disso, eles não imaginavam que o que estavam criando iria reduzir o custo das funções eletrônicas numa escala de um milhão para um – nenhum outro invento tinha conseguido uma evolução dessa magnitude antes. E a intenção era apenas juntar em um único cristal semicondutor – na verdade, uma fina lâmina de germânio ou de silício – todos os transistores, resistores, capacitores e elementos necessários para o funcionamento de um circuito eletrônico.

O primeiro modelo usava uma bateria de prata-zinco e imprimia o resultado numa pequena fita de papel. Apesar de ter sido patenteado em setembro de 1967, só passou a ser produzido para comercialização em abril de 1970, quando a Texas Instruments lançou o produto no Japão em associação com a Canon. A calculadora, batizada de Pocketronic, custava 400 dólares.

Quando a HP entrou neste mercado, em 1972, o objetivo de Bill Hewlett era apenas o de fornecer uma régua de cálculos eletrônica portátil e de alta precisão – assim nasceu a HP-35, que tinha esse nome por ter exatamente 35 teclas. Embora a HP tivesse subestimado  a demanda de mercado, o resultado foi uma avalanche de vendas; só a General Electric encomendou 20 mil unidades. No mesmo ano a Casio entrou no mercado com a Casio Mini, com uma produção de 200 mil calculadoras por mês  para atender aos pedidos.

O sucesso deste “parceiro eletrônico” foi crescendo cada vez mais nos anos seguintes. Em 1974 já era contabilizada a venda de mais de 10 milhões de unidades; em 1980, eram 100 milhões. Daí por diante, as calculadores passaram a estar presentes em relógios, agendas de mesa, porta-canetas, e tudo o mais que pudesse ser usado numa escrivaninha, mesa de trabalho ou de estudos. Entre as décadas de 80 e 90, o mundo também foi invadido pelas “agendas eletrônicas”, misto de calculadora, calendário e organizador de contatos e de compromissos.

O surgimento dos microcomputadores pessoais e a maciça proliferação de modelos extremamente baratos foram motivos para levar as calculadores a atender apenas segmentos específicos, com imbatíveis modelos científicos e financeiros, por exemplo, cálculos programáveis. A massificação pode até ter tirado um pouco de graça destes instrumentos que povoavam as estórias de ficção de James Bond ou Dick Tracy, nos anos 50 e 60. Mas, ainda assim, em 31 de dezembro de 2006, a Casio comemorou a venda da sua bilionésima calculadora.

Fonte: Jornal O Debate 28.05.2007