Hoje temos uma taxa de juros real próxima de 2%, o que nos deixa relativamente longe da taxa de juros real do mercado internacional,às voltas de 2% negativos. O atual diferencial entre o juro real interno e o externo é parecido, portanto, com 4%.
O movimento de capitais continua funcionando. Em um ambiente de política cambial defensiva, aquele diferencial deixa ainda margem para a exploração (no sentido de “pesquisa”, “sondagem”, acompanhando o nosso Aurélio) de oportunidades lucrativas para o capital estrangeiro de curto prazo, principalmente nas atuais circunstâncias em que o mundo ameaça submergir na enxurrada de liquidez produzida externamente.
O Brasil sustentou durante anos (duas décadas ao menos!) a maior taxa de juros real do universo conhecido, estimulando um movimento de capitais especulativos que ajudou a supervalorizar a taxa de câmbio real e aprofundou os inconvenientes da redução global da atividade produzida pelo controle monetário. Quem pagou mais caro por isso foi o setor da manufatura nacional. O diferencial persiste bem menor, mas o controle cambial, a meu ver, retira riscos maiores de movimentos especulativos no curto prazo.
A ideia de que a economia brasileira precisa de juros acima do normal ocupou a mente de um número muito grande de economistas brasileiros, em uma boa época para se ganhar dinheiro, na qual nada do que foi produzido justifica a sua defesa. Não conheci nenhum estudo acadêmico capaz de ser digerido. Li nesse período trabalhos recheados de conteúdo fantasmagórico, verdadeiras barbaridades do ponto de vista teórico, e absurdos do ponto de vista econométrico.