Maioria dos clientes quer orientação para aumentar rentabilidade de investimentos ou planejar virada de mesa
O Brasil já tem 427 profissionais certificados que se dedicam à atividade de planejamento financeiro, uma espécie de terapeuta especializado no bolso das pessoas.
Diferentemente do gerente do banco, o profissional certificado é treinado para entender as necessidades financeiras do cliente como um todo, desde a organização do orçamento até gestão de investimentos, seguros, previdência, planejamento tributário e sucessório.
São profissionais com o compromisso ético de orientar o cliente, independentemente dos interesses comerciais da instituição financeira em que trabalha.
A cada dois anos, o profissional tem de renovar a certificação CFP (Planejador Financeiro Certificado), emitido pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), que tem como mantenedora a Anbima (associação de entidades do mercado).
A certificação não é obrigatória para atuação no Brasil, mas se tornou selo de qualidade, conduta ética e responsabilidade na prestação de serviço financeiro.
Para obter o selo, o profissional precisa passar por uma prova, ter curso superior e experiência na área.
No Brasil, 61% dos planejadores financeiros certificados trabalham em bancos e só 8% são independentes -modelo que prevalece nos EUA. Já 66% possuem mestrado ou MBA, e 68% têm mais de dez anos de experiência na área.
O profissional é remunerado pelo atendimento prestado, como hora trabalhada, ou pelo sucesso na gestão de recursos. No caso de profissionais empregados por bancos, o atendimento pode ser um serviço adicional. Há consultas a partir de R$ 150.
“O trabalho é comparável ao de um prestador de serviço qualificado, como médico, contador ou arquiteto. O planejador financeiro faz um plano da mesma forma que o arquiteto desenha o croqui da casa“, disse Ulf Mannhardt, presidente do IBCPF.
Mudança de vida
Segundo os planejadores, a maioria dos clientes são pessoas que procuram rentabilizar os investimentos, organizar as finanças e planejar uma mudança importante na vida, como trabalhar meio período, tirar um ano sabático, viajar ou se aposentar.
“Tive um cliente que queria mudar de profissão; ele era advogado, ganhava muito bem, mas queria dar aulas de inglês. Como ele sustenta a família, acabamos vendo que não tinha condições de mudar de profissão. Mas ele conseguiu reservar um horário para fazer aquilo que queria“, disse Raphael Cordeiro, planejador independente.
Cordeiro conta que começou a trabalhar com pessoas com dívidas, mas que se sentia frustrado porque só conseguia ter sucesso com 30% a 40% dos clientes. Já com pessoas organizadas e que buscam investir melhor, o sucesso era de 70% a 80%.
“As pessoas que estão no buraco são por comportamento e não por falta de técnica. A técnica eu ajudo, mas o comportamento, não.”
A planejadora Viviane Farah Ferreira, que trabalha em um distribuidora de valores, atende mulheres que se separaram, ou ficaram viúvas, e precisam de assessoria profissional para cuidar do dinheiro da família.
“Todos precisam de um planejador financeiro, mas as mulheres nos procuram bastante; a mulher que se torna independente quer cuidar do próprio dinheiro“, diz.
Autor: Toni Sciarretta
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