Gilberto Melo

Consumidor reclama de juros de 1604% ao ano

Um exemplo da voracidade bancária vem relatado no site pessoal do desembargador Carlos Alberto Etcheverry, do TJRS. Ele transcreve ponto e contraponto de um caso – ocorrido em Minas Gerais – veiculado pela Folha de S. Paulo. Versão do consumidor- “Márcio Inácio Pires, de Uberlândia (MG), diz que fez um empréstimo de R$ 500 nas Lojas Riachuelo, por meio do Banco Safra, e não conseguiu honrar as dívidas porque ficou desempregado. Ele não concorda com os juros cobrados. ´Dei uma entrada de R$ 300 e concordei em pagar mais oito parcelas de R$ 157. O problema é que não consegui pagar esse valor de novo e propuseram aumentar as parcelas para R$ 263. Quase metade do valor do empréstimo.´Pires disse mais que não está se negando a pagar a dívida, mas quer que os juros sejam de acordo com o seu orçamento. Resposta da loja -José Antônio Rodrigues, diretor de cartão das Lojas Riachuelo, informou que entrou em contato com o cliente e renegociou o valor do débito.” (Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano, 11.07.2006) Comentário do desembargador Etcheverry -“Se o jornal que noticiou a reclamação tivesse se dado ao trabalho de verificar qual foi a taxa de juros que o consumidor não conseguiu pagar, teria descoberto que era de inacreditáveis 1604,71% ao ano. Não é inacreditável, também, que as instituições financeiras possam saquear a economia popular de forma tão descarada? Talvez seja porque em nenhum outro país do mundo poderiam fazer a mesma coisa, nem contariam com a condescendência que o Banco Central brasileiro tem demonstrado com esse tipo de prática. Em qualquer outro lugar, o jornal estaria noticiando não apenas o que foi reproduzido acima, mas também a subseqüente ação policial e a prisão de dirigentes da instituição financeira”.

Fonte: www.espacovital.com.br